Bau Xavante, com 75 anos, viveu quase toda a vida na aldeia Caçula, localizada na Terra Indígena Pimentel Barbosa, no município de Canarana. Há muito tempo ele vinha enfrentando dificuldades de acesso à saúde e outros benefícios públicos, uma vez que seu CPF estava errado. O processo, que seria demorado, tendo em vista que a origem de sua documentação é de outro estado, acabou sendo rápido com o trabalho em conjunto da Defensoria e da Receita Federal durante o mutirão.
Em seu idioma, em poucas palavras, ele afirmou comovido: “Agora as coisas são diferentes, na atualidade são fáceis. Fico grato por conseguir resolver meu documento”, traduziu o intérprete.
Outro caso atendido pelo mutirão, que aconteceu durante os dias 22 a 25 de abril em Canarana, foi o de Tales Xavante, 8 anos, e Benjamin Xavante, 6 anos, que nunca frequentaram a escola por não terem a certidão de nascimento. O pai das crianças tentou algumas vezes, sem êxito, fazer o registro dos meninos, mas só com uma ação impetrada pela Defensoria Pública durante o mutirão e com liminar imediata, ambos conseguiram a matrícula na rede pública de ensino.
“Muita dificuldade desde que nasceram, primeiro não conseguimos fazer o registro, depois foi ficando mais difícil. Agora, tenho certeza que tudo dará certo”, afirmou o pai, Rodolfo Xavante.
Mais uma ação exitosa foi a de Gerina Ro’otsisãmrã, que desde 2011 vive com os tios e, por não terem a guarda, a jovem de 16 anos não conseguia emitir a documentação. A ação foi impetrada com o pedido de guarda provisória e no mesmo dia foi concedida decisão liminar, garantindo que ela pudesse ter a documentação feita no mutirão. Além disso, com a guarda, os tios podem assumir a responsabilidade pela jovem.