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COPA DO MUNDO


Após 11 Anos, desapropriação para obras do VLT tem indenização definida em acordo judicial

Em sessão de conciliação, Estado garante indenização a idoso que vivia numa das casas desapropriada para instalação das obras da Copa do Mundo de 2014

Por Marcia Oliveira
12 de de 2024 - 14:36
Ilustração Após 11 Anos, desapropriação para obras do VLT tem indenização definida em acordo judicial

Casa foi desapropriada em 2012, mas morador questionou valor de indenização do Estado


Após 11 anos de disputa judicial, o processo de desapropriação de um imóvel no Centro Histórico de Cuiabá, que seria usado para a construção de uma estação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), foi concluído com a homologação de um acordo. A Defensoria Pública de Mato Grosso fez a defesa de um dos proprietários da casa, Benedito Addor Nunes da Silva, e mediou a negociação que estabeleceu indenização no valor de R$ 364 mil para ele e a herdeira do irmão, Augusto da Silva. 

Na decisão do dia 5 de dezembro, assinada pelo juiz da 5ª Vara Especializada da Fazenda Pública de Cuiabá, Roberto Teixeira Seror, também foi determinado que em 24 horas o valor fosse transferido para as contas indicadas no processo. Assim, a defensora pública Fernanda Cícero de Sá, afirma que encerrou um litígio que começou em 2013. Agora, é necessário que o alvará seja assinado para liberar o pagamento e o idoso receba. Benedito aguarda ansioso pela assinatura. 

A defensora conta que a casa, registrada sob a matrícula nº 29.755, foi desapropriada pelo Estado de Mato Grosso para a execução de obras do VLT, mas o valor oferecido originalmente não foi aceito pelo proprietário, que entrou na Justiça. A desapropriação deveria servir para melhorar o transporte público da cidade para receber a Copa do Mundo de 2014. Mas, o projeto foi abandonado e posteriormente, substituído pelo BRT. 

“Ao longo dos anos, os proprietários enfrentaram desvalorização de seus imóveis causado por impactos estruturais e as incertezas sobre a indenização. Entre os afetados, estava o senhor Benedito, representado por nós e que agora, finalmente teve a solução para o seu caso”, disse a defensora. 

Morador da área por décadas, Benedito reclamava que a desvalorização imobiliária causada pelo abandono das obras foi agravada pela retirada de árvores e por demolições nos imóveis vizinhos. E que a demora em garantir a indenização, tinha como foco pagar menos pelo imóvel onde sua família viveu por décadas. 

Acordo - A conciliação foi conduzida pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Fazenda Pública (CEJUSC) e resultou na determinação de pagar de R$ 363.415,09 como indenização, valor dividido igualmente entre os irmãos. Com o pagamento, o Estado assumiu a posse definitiva do imóvel. 

“A Defensoria Pública teve um papel crucial, assegurando que os termos do acordo fossem justos para o senhor Benedito e sua família. A ação inicial foi proposta por meu colega Francisco Framarion Pinheiro Júnior e depois, demos andamento e atuamos na conciliação. Na última etapa, a disputa foi resolvida de forma pacífica e definitiva”. 

Ainda segundo a defensora, o processo simboliza os impactos sociais e jurídicos deixados pelas obras inacabadas do VLT, e a solução do conflito, afirma, encerra um capítulo de incertezas para o morador afetado. 

Histórico – Benedito e outras 11 famílias foram retiradas do local em 2012, quando teve início o processo de desapropriação da área no Centro, local conhecido como Ilha das Bananas. Algumas famílias aceitaram a oferta do Estado, mas Benedito entrou na Justiça em 2013 para discutir o valor a ser recebido pelo terreno e pela casa. Ele afirma que morou no local por 57 anos e não aceitou a primeira proposta feita pelo Governo. Desde o início da desapropriação ele conta que foi morar em casa de amigos e passou a cuidar de longe do lugar, registrando as mudanças, as perdas e os danos causados na estrutura.