Na aldeia de Fontoura, próxima ao município de Lagoa da Confusão em Tocantins, Tejuhare Inã viveu seus 50 anos sem nunca possuir um registro civil. Órfão desde jovem, ele enfrentou desafios significativos sem acesso a serviços essenciais como saúde e transporte, devido à falta de documentação oficial.
Sem um documento, Tejuhare nunca podia recorrer a um hospital quando precisava. Em vez disso, enfrentava problemas de saúde utilizando recursos naturais como cascas de árvores, raízes e folhas, disponíveis na natureza ao seu redor.
"Eu tenho sofrido muito por causa do documento. Fui à escola por pouco tempo, mas nunca fui registrado. Depois, começaram a exigir certidão de nascimento, mas como não tinha, as coisas foram passando. Agora, estou precisando de muitas coisas. Quando vou ao hospital, me recusam tratamento por falta de documentos. E para viajar de ônibus, não posso sem documento. Não tem nenhum benefício não ter documento”, relata Tejuhare, que contou com o apoio do pastor João Werreria Karajá como intérprete para se comunicar.
A história de Tejuhare mudou com o projeto "Defensorias do Araguaia", uma iniciativa colaborativa entre as Defensorias Públicas de Mato Grosso, Goiás e Tocantins, que visa promover o acesso à justiça, cidadania e defender os direitos indígenas na região.
Durante a semana de 17 a 21 de junho, o projeto percorreu diversas localidades ao longo do Rio Araguaia, incluindo a Aldeia Fontoura em Lagoa da Confusão (TO), Aldeia São Domingos no município de Luciara (MT), e as Aldeias Bdeduré e Buridina no município de Aruanã (GO). Desde o início da iniciativa, foram realizados mais de 1100 atendimentos, impactando positivamente a vida de muitos indígenas locais, como Tejuhare.
"Estou muito feliz com a chegada da equipe. É uma mudança na minha vida, estou radiante com a presença de todos vocês", comemora Tejuhare, expressando gratidão pelo suporte recebido.
Agora, com seu registro finalmente garantido, Tejuhare planeja seu futuro com novas perspectivas. Ele deseja conseguir um emprego como pescador profissional, viajar de ônibus e ser atendido em hospitais quando necessário.
Com histórias como a de Tejuhare, a Defensoria Pública do Mato Grosso (DPMT) reforça seu compromisso em assegurar que todos os cidadãos tenham acesso igualitário aos serviços básicos e aos direitos fundamentais, promovendo assim uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.