No último domingo (20), o defensor público Willian Camargo Zuqueti participou da gravação de um documentário sobre direitos à saúde da população LGBTQIA+, na Galeria do Pádua, na avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.
A série documental “De Cara com o Sol” tem cinco episódios, é financiada pela Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, e está em fase de pós-produção. O lançamento está previsto para janeiro de 2025, no YouTube.
“A saúde é um direito inalienável e seu acesso equitativo é especialmente crucial para grupos marginalizados, como a comunidade LGBT. Neste contexto, a participação de um defensor público em uma filmagem que aborda os direitos à saúde dessa comunidade, com foco nas cirurgias de mastectomia, reveste-se de grande relevância”, afirmou Zuqueti.
Roteirista e apresentador do documentário, Sol Ferreira, 25 anos, conduziu a entrevista com o defensor público e salientou a importância do órgão no atendimento às pessoas trans.
“A Defensoria Pública é uma aliada fundamental para a causa trans em Mato Grosso. Além das retificações de nome e gênero no documento, sem custos, existem também as solicitações de cirurgias, que muitas pessoas trans conseguem através da Defensoria, que tem desempenhado um papel essencial, não só em nos acolherem, através dos núcleos de todo o estado, mas também por nos auxiliarem nos processos de transição de gênero”, ressaltou.
A série documental de entrevistas tem como foco a mastectomia masculinizadora, uma cirurgia de afirmação de gênero muito comum em pessoas trans masculinas, que consiste na remoção da glândula mamária e é realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em maiores de 18 anos.
Conforme explicou o defensor, as cirurgias de mastectomia, muitas vezes necessárias para pessoas trans e não-binárias, são uma questão de saúde, dignidade e reconhecimento de identidade.
“No entanto, o acesso a esses procedimentos ainda enfrenta barreiras significativas, que vão desde a desinformação até a resistência institucional. A presença de um defensor público em uma filmagem sobre esses direitos pode servir para desmistificar esses desafios e educar tanto a comunidade quanto os profissionais de saúde”, revelou.
Além disso, o defensor acredita que a filmagem tem o potencial de criar um espaço de visibilidade e empoderamento.
“A inclusão de um defensor público envia uma mensagem clara: a luta por direitos não é apenas uma questão individual, mas uma causa coletiva que requer a atenção das instituições. Isso pode mobilizar a sociedade para a necessidade de políticas mais inclusivas e respeitosas”, pontuou.
De acordo com a produção do documentário, a presença de um defensor público contribui também para a humanização do discurso sobre a saúde da comunidade LGBTQIA+.
“Ao abordar as cirurgias de mastectomia, é fundamental que o debate não se limite a aspectos técnicos ou legais, mas que também inclua histórias pessoais e experiências vividas. O defensor pode ajudar a conectar esses elementos, reforçando a ideia de que cada cirurgia representa não apenas um procedimento médico, mas um passo importante na afirmação da identidade e no bem-estar dos indivíduos”, disse.
Zuqueti sustenta que a colaboração entre a Defensoria Pública e produções audiovisuais tem o potencial de gerar um impacto significativo na conscientização social.
“A luta pelos direitos à saúde da comunidade LGBT, em particular no que se refere às cirurgias de mastectomia, pode ganhar nova força e visibilidade, contribuindo para uma sociedade mais justa e inclusiva. A participação de defensores públicos não apenas informa, mas também inspira mudanças, promovendo uma discussão necessária sobre o respeito e a dignidade que todos merecem em suas jornadas de saúde”, arrematou.