Nesta semana a Defensoria Pública de Mato Grosso (DPMT) esteve na aldeia Pimentel Barbosa, no município de Ribeirão Cascalheira, 763 km de Cuiabá, para conversar com as xavantes de 26 aldeias locais sobre violência doméstica contra a mulher e explicar a função do órgão, nesse e noutros tipos de atendimento. Por meio de palestra e bate-papo, a defensora pública que atua na comarca de Barra do Garças, Kamila Souza Lima, explicou o que é violência, quais os tipos de violência podem ser praticadas contra a mulher e ao final, abriu espaço para perguntas.
“Elas ouviram sobre os principais tipos de violência contra a mulher, a verbal, a física, a patrimonial, a moral, psicológica e a sexual, por meio do servidor da Funai Francisco Magalhães, que traduziu nossas informações para elas. As indígenas vieram de várias aldeias do entorno para essa conversa e, no começo, foi meio confuso, difícil, mas, com o tempo, conseguiram entender que a Defensoria Pública pode auxiliá-las, caso sofram esse tipo de problema, e que, somos um lugar onde podem buscar apoio”, explicou a defensora.
Kamila lembra que os encontros estão ocorrendo em várias aldeias e terras indígenas de Mato Grosso. Na semana passada, a Defensoria Pública esteve na Terra Indígena Marãiwatsédé, no município de Alto Boa Vista, também para explicar a função do órgão e como a instituição pode auxiliar os indígenas em suas demandas. Na Pimentel Barbosa, assim como na Marãiwatsédé, as principais dúvidas das mulheres xavantes foi sobre documentação para facilitar o acesso a serviços públicos gratuitos.
“Aqui tiramos muitas dúvidas sobre documentação, adoção, acesso a serviços assistenciais. Em Barra do Garças e em Campinápolis, onde vive uma população de cerca de 4.100 e 8.500 indígenas, respectivamente, fazemos esse atendimento. Mas lá, elas falam português, estudam na cidade, trabalham e estão mais adaptadas à nossa cultura. Aqui, a diferença é que são muito tímidas, não falam português e vivem, com rigor, a cultura da etnia. Trabalham com artesanato, se casam, cuidam dos filhos e seguem as regras de hierarquia do povo”, explica a defensora.
Kamila afirma que a experiência de visitar uma aldeia com a cultura preservada foi única. “É impossível não aprendermos coisas importantes nessa experiência de conhecer como moram, como se organizam, como vivem. Fomos muito bem recebidas, conseguimos explicar um pouco do trabalho da Defensoria Pública e ouvir as necessidades delas. Elas têm muita vontade de ter uma associação para trabalhar com artesanato e assim, garantirem renda e ajudar em casa. Fiquei muito feliz em poder participar”, concluiu.
Uma representante do Ministério Público também esteve no local e, ao longo da semana, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) também disponibilizará alguém para falar sobre os programas para as indígenas. A palestra da Defensoria Pública foi no dia 24 de outubro.