A Defensoria Pública de Mato Grosso desenvolve um trabalho de auxílio administrativo e jurídico aos migrantes que chegam de diversos países do mundo no Estado, principalmente em Cuiabá. A atuação ficou mais intensa a partir de 2010, após o terremoto que devastou a capital do Haiti, Porto Príncipe. Na época, cerca de 90 mil haitianos buscaram o Brasil como refúgio. Em 2024, ano em que completa 25 anos, a DPMT começa o trabalho para criar uma estrutura de atendimento exclusiva para quem escolhe o Brasil como morada.
Secretário executivo da DPMT, Clodoaldo Queiroz, explica que a questão dos migrantes é uma problemática sempre presente, embora os grupos populacionais variem com o passar do tempo. De acordo com ele, além de outros assistidos, atualmente a Defensoria tem atendido um grupo de pessoas indígenas da etnia Warao, oriundas da Venezuela que chegaram ao estado há poucos meses. Após terem sido expulsos de suas terras naquele país, ingressaram no Brasil que era a fronteira mais próxima.
"A vulnerabilidade é maior porque existe proteção legal apenas para migrantes e para indígenas brasileiros, mas não há uma legislação que proteja “indígenas migrantes”.
Eles estão em um limbo do Direito e por isso não estão conseguindo apoio de nenhuma instituição pública até o momento.
Por essa razão, começamos, no final do ano passado a visitar e manter contato com essa população para entender todas as suas demandas e planejar uma estrutura para atendê-los não só individualmente, mas também de maneira coletiva", ressalta Clodoaldo.
O presidente da Associação de Defesa dos Haitianos Imigrantes e Migrantes em Mato Grosso (ADHIMI-MT), Clercius Monestine, recorda a atuação da Instituição junto aos refugiados em Mato Grosso. “A importância da Defensoria Pública é grande, forte, principalmente para as pessoas vulneráveis. A nossa Associação só foi formada e tem documentação hoje, graças ao trabalho de auxílio que nos foi dado pelo defensor Roberto Vaz Curvo”, lembra.
Monestine lembra que a comunicação era difícil, o conhecimento da legislação brasileira complexo e que, com o apoio do órgão conseguiu organizar e dar o mínimo de segurança jurídica para o grupo em Mato Grosso. “O idioma ainda é um limite grande para nós, o encaminhamento para empregos e abrigos também e por isso precisamos desse olhar da Defensoria para quem vem de fora para viver aqui no Estado”, afirmou.
Em 2015 o trabalho começou a ser feito para auxiliar os venezuelanos. Naquele ano, a Polícia Federal contabilizou que mais de 56 mil vieram para o Brasil. Todos os migrantes podem buscar apoio da Defensoria Pública para que seus direitos sejam garantidos em relação ao trabalho, saúde, emprego e previdência.
Presidente da Associação de Defesa dos Haitianos Imigrantes e Migrantes em Mato Grosso (ADHIMI-MT), Clercius Monestine.