Também parceira, a Funai esteve presente. Ana Clara de Oliveira, coordenadora técnica do órgão, fala sobre a necessidade de provocação desse mutirão naquela região da Aldeia Tadarimana. “Devido às dificuldades que a gente estava tendo de estar deslocando, um a um para a cidade, ficava muito cansativo, tem os idosos, tem os pais que vão com crianças e tal, aí a gente teve essa ideia de provocar esse mutirão.”
Além de toda documentação retificada, expedida e solicitada, foram realizados dois atendimentos especiais nesta edição do evento. As indígenas trans Lizandra Ueaireudo e Majur Traytowu tiveram seus nomes e gêneros retificados em suas certidões de nascimento.
Majur é a primeira cacica trans do Brasil e ressaltou a facilidade e felicidade em conseguir a retificação. “Esse mutirão veio no dia e no momento certo porque eu tava tendo dificuldade para poder retificar e até inclusive estava procurando meio, só que não tive sucesso. O pessoal veio para poder fazer o mutirão e isso facilitou bastante.”
A cacica destaca ainda que não sofre ou sofreu preconceito durante a sua transição de gênero. “Me sinto uma pessoa honrada, uma pessoa respeitada pelo meu povo. Eu nunca recebi preconceito dentro da minha comunidade que é meu povo Bororo, assim como na Tadarimana, Gomes Carneiro, Meruri. Eu sempre fui bem recebida!”.
Lizandra também falou sobre a importância do mutirão. “Eu fiz a retificação do nome e gênero e ainda faltavam algumas coisas. Eu consegui várias coisas aqui no mutirão como fazer o título, regularizar o alistamento militar, consegui resolver tudo, muito rápido.” A indígena ressaltou que a retificação significa ainda mais respeito dentro da aldeia Tadarimana e comunidades indígenas. “Algumas pessoas ainda têm preconceitos com nós que somos trans, mas com a retificação eu tenho meu nome reconhecido e reconhecimento do meu povo.”
A defensora pública Jacqueline Gevizier, esteve presente nos cinco dias de mutirão, reforça a essencialidade das ações da defensoria em terras indígenas.