O Núcleo da Defensoria Pública de Colniza realizou na Cadeia Pública da cidade o 1º Círculo de Construção de Paz. A metodologia faz parte da Justiça Restaurativa que tem ganhado espaço e se consolidado como uma nova perspectiva que promove uma cultura de paz, redução da violência e menor reincidência no sistema prisional.
O defensor Maxuel Pereira Dias, coordenador do Núcleo de Colniza, explica que durante a dinâmica foram tratados temas relacionados com as responsabilidades e com a vida pós-cárcere, para entender como as pessoas presas estão se preparando para o retorno a vida em sociedade.
“Tivemos a presença de sete pessoas presas e o diretor da unidade prisional e todos aderiram de forma ampla à dinâmica”, explica o defensor. Serão realizados mais cinco encontros, um a cada 14 dias.
A Justiça Restaurativa constitui-se na tentativa de lidar com um problema tão presente e incômodo que é a maneira com que os crimes são tratados nas práticas judiciárias. É, portanto, considerada como uma mudança do paradigma punitivista, na medida em que busca a pacificação do conflito, a transformação do atendimento da pessoa que cometeu.
A metodologia foi criada pela ativista e professora norte-americana Kay Pranis e a dinâmica baseia-se em pilares de que cada pessoa é importante e deve ser valorizada e vista pelo grupo. Acredita-se que ao experimentar sentar-se em círculo, seja com um grupo grande ou pequeno, em que todas as pessoas se encontram no mesmo nível, podendo se ver umas nos olhos das outras, por meio do que se opera um efeito transformador em suas reações e emoções.
Maxuel ressalta que a criação de um espaço seguro para que os participantes possam dialogar a respeito de temas essenciais a vida e que possam expressas seus sentimentos, aspirações, medos e preocupações a partir de uma dinâmica baseada em uma comunicação não violenta ajuda o retorno da pessoa presa para a sociedade.
“Os benefícios para o sistema prisional são inúmeros, como a criação de uma ferramenta de diálogo funcional entre a administração e as pessoas presas e também entre as pessoas presas e a sociedade. Esse processo permite que o isolamento promovido pelo cárcere não seja algo que impeça a pessoa de se reinserir na sociedade, haja vista que o diálogo feita no círculo permite que as pessoas possam vislumbrar melhores condições de passar pelo cumprimento de pena sem ser tão atingida pelos efeitos negativos do aprisionamento”, ressalta o defensor.