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VIDAS TRANSFORMADAS


18º edição do Ribeirinho Cidadão encerra com mais de 2,6 mil atendimentos em cinco dias

Com presença em quatro cidades, o projeto mostra a força da união entre instituições para levar justiça, cidadania e dignidade às regiões mais remotas do estado

Por Barbara Argôlo
15 de de 2025 - 17:41
18º edição do Ribeirinho Cidadão encerra com mais de 2,6 mil atendimentos em cinco dias


Quatro cidades, dez dias de estrada, muitos de quilômetros percorridos e corações aquecidos em cada atendimento. A 18ª edição do Projeto Ribeirinho Cidadão – Rota das Águas chegou ao fim com um balanço marcante: 2.683 pessoas atendidas em apenas cinco dias de atendimento direto. Mas esse número por si só não revela a profundidade da transformação que o projeto promoveu – cada cidadão pode ter recebido dois, três ou até mais atendimentos, desde serviços jurídicos até consultas médicas, exames oftalmológicos, emissão de documentos e muito mais.

A ação itinerante percorreu os municípios de Porto Esperidião, Jauru, Reserva do Cabaçal e encerrou em grande estilo em Salto do Céu.

“É como eu sempre digo: o Ribeirinho é aquele projeto que entrega amor, dedicação, acolhimento e vontade de fazer a diferença. Foram dez dias intensos de trabalho e a sensação de dever cumprido. Voltamos para casa muito melhores”, destacou a defensora pública-geral, Luziane Castro.

No coração da ação, estão histórias como a de Ana Jovem de Freitas, 58 anos, moradora da zona rural de Salto do Céu (350km de Cuiabá). Após ser vítima de um possível golpe na aquisição de um par de óculos com lentes erradas, Ana procurou a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso durante o projeto.

“Eu fui bem atendida. Fiz exame de vista, consulta médica e fui na Defensoria. Eu ‘fissu’ um óculos e não veio prestando. Paguei, mas a loja não quer arrumar. Foi tudo rápido e eu tenho fé que vou conseguir resolver”, contou ela.

O caso foi acolhido pelo defensor público Carlos Wagner, que participou dos atendimentos em Porto Esperidião (323km de Cuiabá) e Salto do Céu. Segundo ele, a demanda foi intensa, superando a edição de 2024, com grande procura por retificações de documentos pessoais, declarações de hipossuficiência, além de casos mais complexos, como o de Ana.

“Muitas pessoas não têm acesso a informações básicas que podem mudar suas vidas. Em um dos casos, conseguimos, por meio do nosso sistema, localizar dados de uma CNH que a própria pessoa não tinha mais acesso, o que mostra o quanto é essencial a presença da Defensoria nessas regiões carentes”, explicou.

O Ribeirinho Cidadão não acontece sozinho. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, o Poder Judiciário, por meio da Justiça Comunitária, e mais de 20 instituições estaduais e federais, como Ministério Público, Polícia Civil, Detran-MT, Marinha do Brasil, Exército e Corpo de Bombeiros, entre outros.

Os serviços ofertados cobrem seis eixos principais: Justiça, Saúde, Cidadania, Educação para o Trânsito, Educação Ambiental e Ciência, Cultura e Esporte.

“Maioridade atingida, responsabilidade dobrada. O Ribeirinho é isso: intenso, vibrante, desafiador. Fizemos a diferença. Missão cumprida”, resumiu com emoção o juiz-Coordenador da Justiça Comunitária, José Antonio Bezerra Filho.

Os 2.683 atendimentos registrados representam pessoas que, na maioria das vezes, vivem à margem do acesso a serviços públicos essenciais. Muitos, como Ana, não teriam outra forma de buscar seus direitos sem a chegada do projeto até suas comunidades.

“Estamos muito satisfeitos. A população manifestou gratidão por ser bem atendida. Os que não conseguiram resolver tudo no local, sairão com a garantia de que seus casos terão encaminhamento. O Ribeirinho mostra que é possível, sim, levar cidadania e justiça onde elas são mais urgentes”, finalizou o defensor Carlos Wagner.