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EU USO MÁSCARA, MAS NÃO ME CALO!


Campanha de combate à violência contra a mulher da Defensoria Pública de MT é tema de questão do Enem

Uma das questões da primeira etapa do Enem, aplicado ontem (5), citou a campanha “Eu uso máscara, mas não me calo! Juntas somos mais fortes!”, da DPMT, lançada em junho de 2020, visando combate a violência contra a mulher, durante a pandemia de Covid

Por Alexandre Guimarães
06 de de 2023 - 18:00
Campanha de combate à violência contra a mulher da Defensoria Pública de MT é tema de questão do Enem


Uma das questões da primeira fase do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado por milhões de estudantes no domingo (5), mencionou a campanha “Eu uso máscara, mas não me calo! Juntas somos mais fortes!”, da Defensoria Pública de Mato Grosso, lançada em junho de 2020, visando estimular as denúncias e combater todo tipo de violência contra as mulheres no período de isolamento social, devido à pandemia de Covid.

“O fato da campanha da DPMT ter sido questão do Enem nos enche de orgulho e esperança. Orgulho pela certeza de estarmos no caminho correto, do enfrentamento à violência contra as mulheres. E esperança, pela campanha ter feito tantos jovens refletirem sobre a importância em se combater essa pandemia, que é a violência contra as mulheres”, afirmou a defensora pública Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem).

A campanha, que incluiu um vídeo institucional (clique aqui para assistir) e ampla divulgação na imprensa na época, tinha como objetivo rechaçar a violência contra as mulheres, que estava em crescimento no período pandêmico, já que as vítimas passaram a conviver mais tempo com os agressores.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), os feminicídios aumentaram 143% em Mato Grosso, de 10 de março a 31 de maio de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

“A Defensoria Pública foi a primeira instituição a se preocupar com o isolamento social em Mato Grosso, tendo em vista que outros países que passavam pela quarentena já apresentavam esse aumento”, alertou a defensora.

Logo no início das medidas de isolamento social, a DPMT já advertia para o possível aumento dos casos de violência doméstica e familiar em Mato Grosso. A campanha “Aqui não! Violência doméstica não entra em quarentena”, lançada em março, intencionava evitar o que ocorreu na China, onde os índices de violência doméstica triplicaram nas regiões onde ocorreu o “lockdown” – medida extrema de isolamento social para contar a disseminação do vírus. O primeiro caso confirmado de Covid-19 em Mato Grosso foi registrado no dia 19 de março de 2020.

“Infelizmente, esse previsto aumento da violência aconteceu. A violência doméstica cresceu e muito. Muitas mulheres já conviviam com os agressores e outras descobriram, durante o isolamento social, que conviviam com um agressor”, destacou Rosana.

Outro fator relevante, de acordo com o estudo “Violência Doméstica durante a pandemia de Covid-19”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foi a diminuição das denúncias de violência doméstica na pandemia, pois, neste período de isolamento, as mulheres ficaram confinadas com o agressor e tinham mais dificuldade de fazer a denúncia.

“O feminicídio é só o final de uma violência. A mulher geralmente já vem passando por outras violências. Por isso, pode ser evitado com ela não aceitando essa nova violência, com as pessoas denunciando, e ela acreditando que terá a proteção do Estado. Os feminicídios são delitos que podem ser evitados”, afirmou a defensora, que atua desde 2011 no combate à violência contra a mulher.

Canais de atendimento – O Núcleo de Defesa da Mulher da DPMT recebe denúncias e repassa orientações por telefone e WhatsApp: (65) 99805-1031. 

Denúncias anônimas também podem ser feitas, inclusive por vizinhos e familiares, junto à Central de Atendimento à Mulher pelo Disque 180 (nacional), pelo 197 (Polícia Civil), para a região metropolitana, e 181, para o interior do estado. O atendimento é feito pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp).

Enem – Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), 71,9% dos 3,9 milhões de estudantes inscritos fizeram a primeira etapa da prova no domingo (5), em todo o Brasil. 

As provas foram de linguagens e ciências humanas. O tema da redação foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. O segundo dia de prova acontecerá no próximo domingo (12), quando os estudantes terão de resolver questões de ciências da natureza e matemática. O gabarito oficial será divulgado até 24 de novembro.

O Enem serve como ingresso para universidades e institutos públicos e privados. O exame é realizado por estudantes ao término da educação básica, e pode ser critério único ou complementar dos processos seletivos e também para acesso, por exemplo, ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e ao Programa Universidade para Todos (Prouni).