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Defensoria debate inclusão de pessoas com deficiência e desafios no mercado de trabalho

Evento promovido pela DPEMT trouxe a professora, palestrante motivacional e superintendente da Pessoa com Deficiência do Governo, Taís Augusta de Paula

Por Marcia Olivera
19 de de 2025 - 17:15
Isabela Mercuri Defensoria debate inclusão de pessoas com deficiência e desafios no mercado de trabalho

Superintendente da Pessoa com Deficiência de Mato Grosso, Taís Augusta de Paula, fala sobre inclusão e mercado de trabalho


No mês da Semana Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, defensores e servidores públicos da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT) tiveram a oportunidade de refletir sobre as barreiras, visíveis e invisíveis, que limitam a inclusão social e profissional desse público. 

A dinâmica foi conduzida pela professora, palestrante motivacional e atual superintendente da Pessoa com Deficiência do Governo de Mato Grosso, Taís Augusta de Paula, primeira mulher com deficiência a ocupar o cargo no estado, durante a palestra “Diversidade e Inclusão de Pessoas com Deficiência nas Relações de Trabalho”. O evento foi realizado nesta sexta-feira (19), na Escola Superior da Defensoria Pública de Mato Grosso. 

“Aproveitamos este mês para falar sobre nossas dificuldades nos esportes, no trabalho, no lazer. Eu gostaria, de coração, de não precisar ter um mês para falar de nossas dificuldades, gostaria de sair da minha casa e não encontrar nenhum obstáculo, principalmente o estrutural, porém, precisamos de um dia de alerta. Mas, sabem o que mais mata as pessoas com deficiência? São as barreiras atitudinais. Os olhares de indiferença, de invisibilidade. Pessoas com deficiências podem e merecem ser protagonistas de sua própria história”, disse.

Tais informou aos presentes que ela é um exemplo prático de seu conselho, porque na vida, superou as adversidades e conseguiu se integrar. “Eu sou uma mulher que tinha tudo para dar errado. Eu nasci saudável, não tinha doença nenhuma, mas com dois anos de idade tive poliomielite e era filha de mãe solteira, muito pobre e morando em bairro periférico. Mas, desde muito cedo, minha mãe despertou em mim que eu poderia ser protagonista de minha própria vida, por meio dos estudos e hoje, estou aqui, falando de acessibilidade para vocês”, disse. 

Antes de começar a explicar a definição oficial do que é uma deficiência, a palestrante promoveu uma dinâmica com os presentes e alguns foram convidados a participar da apresentação com os olhos vendados, para que pudessem experimentar um pouco das sensações que um deficiente visual vive. 

Deficiência - Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial revelam que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência no mundo, número que representa cerca de 15% da população global, apresentou Tais. “Esse número faz com que as pessoas com deficiência sejam reconhecidas como a maior minoria do planeta, mas, ao mesmo tempo, também uma das mais marginalizadas, já que enfrentam barreiras sociais, econômicas e físicas para exercer plenamente seus direitos”, disse. 

A palestrante explicou que existem as deficiências visíveis e as invisíveis. As visíveis, possibilitam que as pessoas identifiquem e reconheçam a pessoa com deficiência e entre elas estão as motoras, as visuais e as mentais que deixam impressões físicas. Mas, alertou que as invisíveis existem e são menos reconhecidas, tanto pelo portador, quanto pelas outras pessoas, o que deixa a vida dessas pessoas muito mais difícil.

Entre as doenças invisíveis estão a surdez leve e moderada, a cegueira leve e moderada, problemas neurológicos como epilepsia, esclerose múltipla, Parkinson em fases iniciais; deficiências psicossociais decorrentes de transtornos mentais graves e persistentes (como esquizofrenia, transtorno bipolar) e doenças crônicas incapacitantes como fibromialgia, lúpus, doença de Crohn, entre outras, que podem gerar limitações não vistas e por isso, não reconhecidas. 

Mercado – A superintendente explicou que apesar dos avanços legais, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda enfrenta grandes desafios. Ela afirma que o preconceito e os estigmas reduzem o olhar sobre as competências e que a falta de acessibilidade arquitetônica, tecnológica e comunicacional, além das contratações feitas apenas para o cumprimento da Lei de Cotas, impedem que os deficientes tenham condições reais de desenvolvimento e competitividade.

“Para resolvermos esses problemas, as ações têm que começar de cima, por pessoas que decidem a política das empresas e entidades. Falta qualificação para os profissionais que recrutam, os ambientes organizacionais não são inclusivos e, temos que lembrar que a vulnerabilidade socioeconômica atinge boa parte desse público, que é carente. Isso demonstra que a verdadeira inclusão depende não só de lei, mas de uma mudança cultural e estrutural nas organizações”, concluiu e abriu para pergunta dos presentes. 

O encontro foi na sala 82 do edifício Pantanal Business e transmitido ao vivo pelo YouTube. A iniciativa integra o Programa Você (Não) é Todo Mundo, reafirmando o compromisso do órgão com a promoção de um ambiente de trabalho mais justo, igualitário e acessível a todos.