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FAZENDA PÉ DE SERRA


Defensoria Pública garante acordo histórico em conflito fundiário após 17 anos

Acordo assegura a posse de 227 hectares para famílias agricultoras em Cuiabá, encerrando disputa fundiária de quase duas décadas

Por Marcia Olivera
18 de de 2025 - 14:40
Ilustração Defensoria Pública garante acordo histórico em conflito fundiário após 17 anos

Integrantes da Associação participam de curso de apicultura


A atuação da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT) foi determinante para a resolução pacífica da disputa judicial envolvendo a Fazenda Pé de Serra, em Cuiabá (MT). Em audiência realizada na 2ª Vara Cível, Especializada em Direito Agrário, as partes chegaram a um acordo que garantiu o direito de permanência dos agricultores familiares, numa área de 227 hectares, 17 anos após o início da disputa na Justiça. 

A decisão, homologada pela juíza Adriana Sant’Anna Coningham, consolidou o reconhecimento da posse da área em nome da Associação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar Serra das Laranjeiras, encerrando uma disputa de quase duas décadas. 

A Defensoria Pública, representada pela defensora Aline Coelho, foi a responsável pela defesa dos ocupantes. Durante a audiência, a defensora ressaltou a necessidade de um desfecho justo e transparente. “Desde o início, buscamos garantir que o processo respeitasse o direito à ampla defesa e ao devido processo legal”, afirmou.

A conciliação foi possível depois que a pessoa que comprou a propriedade se manifestou declarando não ter interesse na posse do terreno em disputa. Em contrapartida, a Associação comprometeu-se a respeitar os limites do imóvel vizinho e a manter sua ocupação dentro da área já estabelecida. 

Além disso, ficou acordado que o Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso) apresentará, no prazo de 15 dias, a análise cadastral do imóvel para regularização definitiva. O acordo, no entanto, foi assinado mesmo sem a apresentação do documento e após a inclusão dele, o litígio será encerrado e o processo arquivado. 

Para a defensoria pública, o desfecho representa um avanço na defesa dos pequenos agricultores e no respeito à função social da terra. “A solução pacífica desse caso é uma vitória da justiça agrária. Garantimos a permanência de dezenas de famílias que há anos cultivam essa terra, evitando uma remoção forçada e fortalecendo a segurança jurídica da posse”, destacou Aline.

O Ministério Público também se manifestou favorável à homologação do acordo. Com isso, a ação foi encerrada com a decisão sobre o caso. O caso reforça a importância do trabalho da Defensoria Pública em conflitos em que vulneráveis aparecem como parte, além de evidenciar o poder do diálogo na solução de conflito.