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TRATAMENTO SUSPENSO


Defensoria Pública pede à Prefeitura retomada imediata de equoterapia para cerca de 200 crianças especiais de Cuiabá

Mães de crianças especiais afirmam que o tratamento foi suspenso em dezembro de 2022, com previsão de retorno em janeiro de 2023, mas, ao procurar o atendimento, receberam informações da suspensão, sem precisão do motivo ou data de retomada

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24 de de 2023 - 19:58
Defensoria Pública pede à Prefeitura retomada imediata de equoterapia para cerca de 200 crianças especiais de Cuiabá

Crianças e adolescentes especiais estão sem previsão de voltar a ter atividade que melhora saúde - Foto por: Amarílis França


A Coordenadoria de Ações Difusas e Coletivas da Defensoria Pública de Mato Grosso oficiou a Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá para que retome imediatamente o atendimento da equoterapia para cerca de 200 crianças e adolescentes portadoras de autismo, microcefalia, hidrocefalia, TDH e outras deficiências e transtornos do Grupo de Mães de Especiais da Capital. No documento também é solicitado o motivo da suspensão do tratamento. 

Um grupo de cinco mães procurou a Defensoria Pública na segunda-feira (23/01) informando que o tratamento - único dos vários mantidos para esse público no Sistema Único de Saúde (SUS) - foi suspenso no dia 16 de dezembro de 2022, com previsão de retorno no dia 16 de janeiro de 2023. Porém, ao buscar o serviço nos dois ranchos que fazem o tratamento, o grupo foi informado da suspensão, sem conhecer o real motivo e ou prazo para retorno das atividades.

“O meu filho tem dez anos e tem autismo e comorbidades como TDH e transtorno desafiador opositor. Por conta disso ele tinha tratamento com psicólogo, pediatra, psiquiatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e a equoterapia, mas esses profissionais foram mandados embora em agosto do ano passado e meu filho ficou apenas com a equoterapia. Era a única atividade que estava certa, mas ao procurarmos o rancho, nos disseram que estava suspensa e nos pediram para procurar a Prefeitura”, explica  a dona de casa Maricélia Rodrigues Lara.

Maricélia conta que procurou a Prefeitura de Cuiabá, na companhia de outras mães, e que, a cada momento, o motivo da suspensão era mudado. “Primeiro nos disseram que os ranchos estavam inadequados; depois, que as crianças tinham antes que passar por uma avaliação e depois, que há uma lista de novas crianças que precisam do tratamento e por isso, precisavam analisar quais seriam desligadas. Porém, esse tratamento é prescrito por médicos e deve ser continuado, do contrário, as crianças regridem, perdem musculatura, equilíbrio, agilidade e qualidade de vida”, afirma. 

Na segunda-feira o Grupo de Mães esteve no Núcleo da Defesa da Infância e da Adolescência de Cuiabá solicitando apoio da Defensoria Pública para a solução do problema. De lá, elas foram levadas, em carros da Instituição para a Coordenadoria de Ações Difusas e Coletivas, responsável por mover ações coletivas e receberam o atendimento.

“Fomos atendidas no mesmo dia, levadas, inclusive em carros da Defensoria Pública para o local adequado para receber nossas reclamações, repassamos as informações e agora vamos aguardar as providências, esperando solução rápida para a nossa situação, pois nossos filhos precisam desse atendimento para ter o mínimo de saúde”, afirma Maricélia. 

A defensora pública Rosana Leite, que atua na Coordenadoria de Ações Coletivas, informa que a suspensão do tratamento impacta diretamente no desenvolvimento motor, psicológico, neurológico e fisiológico das crianças e adolescentes, segundo o relato das mães, e que, ele não pode ser suspenso sem autorização médica.

“Esse é um tratamento que as mães afirmam que faz diferença no desenvolvimento de seus filhos e que, se descontinuado, prejudica a cognição, o desenvolvimento neurológico, a estrutura física e fragiliza a saúde delas. Vamos pedir a imediata retomada e explicações sobre a suspensão. Um dos motivos que nos chegou para explicar a suspensão seria a necessidade de avaliar o progresso da criança, para a continuidade. Mas, o tratamento não pode ser suspenso em função de avaliações médicas. Se esse é o caso, a avaliação deveria ter sido feita antes e nunca a suspensão do atendimento”, afirma a defensora.