Dando continuidade `a campanha “O primeiro passo vem com um gesto: Denuncie!”, no último sábado (22), foi lançado o segundo vídeo da série na conta do Instagram da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT).
Com o tema “Ao menor sinal de agressão, interfira. Denuncie!”, o vídeo mostra a simulação de uma cena na qual uma mulher aparece para trabalhar com um olho roxo e, ao perceber que há algo errado, uma colega de trabalho se oferece para ajudá-la. Clique aqui para assistir ao vídeo completo.
Inicialmente, o pedido é recusado pela vítima, que afirma que “caiu na escadinha lá de casa” - estudos demonstram que, no começo, é normal a vítima sentir medo, insegurança, ansiedade, e até mesmo negar para ela mesmo o que está ocorrendo, além de esconder dos amigos e dos parentes.
Na semana seguinte, ela recebe flores do agressor.
Porém, continua demonstrando que não está bem, é indagada novamente, e responde: “Na verdade, tá difícil lá em casa. A gente tem discutido bastante, mas é só isso mesmo”.
Diante disso, a amiga se coloca à disposição para ajudá-la: “Entendi, mas eu queria que você soubesse que nada é sua culpa e, se você quiser ajuda para dar o primeiro passo, conte comigo”.
Finalmente, a vítima cede e aceita a ajuda. Em seguida, as duas vão até a Defensoria Pública, passam pela triagem e, por meio de um atendimento humanizado, a vítima é encaminhada ao Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) para receber orientações e assistência jurídica gratuita.
Como explica o vídeo, a violência doméstica é composta por fases que, juntas, completam o chamado “ciclo da violência”. A princípio, o agressor pode até parecer arrependido, mandar flores, pedir desculpas, mas a tendência é que a tensão volte a acontecer e os momentos de raiva e violência também.
“Você não está sozinha. A Defensoria Pública está aqui para te acolher. Busque ajuda. Dê o primeiro passo”, destacou uma das personagens da simulação.
A defensora pública Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher, em Cuiabá, explica que as vítimas de violência podem procurar primeiro a Defensoria Pública, até mesmo antes de ir à delegacia, para receber orientações, assistência jurídica gratuita, e todo o apoio necessário para quebrar o ciclo de violência.
“Muitas mulheres acabam procurando a Defensoria Pública, o Nudem, mesmo antes de lavrar um boletim de ocorrência para entenderem se estão sendo vítimas ou não de violência doméstica ou familiar. É claro que, nesse momento, se a pessoa tem dúvida ela já é uma vítima”, revelou.
Ainda de acordo com a defensora, apesar dos números alarmantes sobre a violência contra as mulheres, as subnotificações dos dados ainda são uma realidade no estado e em todo o país.
“Infelizmente, por diversos fatores, muitas mulheres vítimas de violência doméstica principalmente, acabam não buscando o poder público, até pela historicidade de desconfiança em torno do 'ser mulher'. Há desconfiança também sobre a efetividade das normas que fazem parte do arcabouço das leis que compõem os direitos humanos das mulheres no país”, afirmou.
De acordo com a defensora, uma pesquisa de 2019 ouviu vítimas de violência doméstica que decidiram não buscar o poder público e 79% delas responderam que não denunciaram por temor de que a violência se tornasse ainda maior.
“Esse estudo reforça a desconfiança com a efetividade e eficiência da Lei Maria da Penha. É preciso fomentar discussões e debates sobre as muitas leis em prol das mulheres no país, principalmente sobre a Lei Maria da Penha, que foi positivada para a punição e prevenção dos casos de violência doméstica e familiar”, sustentou.
Combate à violência doméstica – Em 2023, Mato Grosso registrou a maior taxa de feminicídios do país, com 2,5 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres, segundo os dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
No último ano, entre março de 2024 e fevereiro deste ano, a Defensoria Pública realizou 20.481 atendimentos a mulheres vítimas de violência doméstica em Mato Grosso.
Nesse período, Cuiabá (8.462), Várzea Grande (1.647), e Rondonópolis (1.316) apresentaram os maiores índices de atendimento.
Campanha – No último dia 8 de março, o primeiro vídeo da campanha foi publicado no Instagram da DPEMT (@defensoriapublicamt), contando a história de Raquel Kachan, 44 anos, que foi esfaqueada pelo ex-companheiro 17 dias após realizar uma cirurgia de laqueadura. Clique aqui para assistir.
A campanha “O primeiro passo vem com um gesto: Denuncie!” foi lançada pela Defensoria Pública para incentivar as mulheres vítimas de violência doméstica a denunciar as agressões logo no início, evitando a escalada do ciclo de violência, que pode levar ao feminicídio.
Busque ajuda, denuncie e lembre-se que a Defensoria está sempre a postos para receber e ajudar as vítimas em qualquer momento ou situação de violência.
É só chamar no WhatsApp: (65) 99963-4454 ou procurar o núcleo mais perto da sua residência. Clique aqui para acessar os contatos dos núcleos da DPEMT.
