A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma abordagem que combina teoria e prática e propõe soluções para os desafios que surgem com a chamada sociedade da informação. “Na atividade de inteligência, a segurança documental é essencial para evitar a exposição à não autorizada de informações. Ela deve ser regulamentada por normas que abrangem a gestão documental. Isso inclui produção, classificação, expedição, recebimento, registro, arquivamento e destruição de documentos. Estes documentos se tornam alvos contínuos de espionagem e outras ações adversas, e a rigidez necessária é a mesma em outras instituições, como a Defensoria Pública, em que a proteção de dados sensíveis é igualmente crítica”, diz trecho da tese.
O trabalho de doutorado também abordou a importância da confiança entre o cidadão e o Estado, especialmente em tempos de transformação digital. A pesquisa argumenta que, ao adotar práticas de inteligência de Estado para proteger os dados dos cidadãos, a Defensoria Pública pode não apenas garantir o direito à privacidade, mas também atuar de maneira mais eficiente na defesa dos direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social.
Além disso, o primeiro subdefensor também destacou que as Defensorias Públicas precisam se adaptar às novas dinâmicas tecnológicas, com o uso de ferramentas que preservem a integridade dos dados pessoais. Ele propôs um modelo de atuação em que os dados sensíveis sejam tratados de forma ética, transparente e responsável, o que fortaleceria a atuação da Defensoria.
“Embora nós tenhamos uma boa atividade fim defendendo as pessoas, os usuários do serviço de assistência jurídica gratuita nos Tribunais, nós ainda temos uma dificuldade, não só nós, mas o Brasil como um todo, todas as Defensorias Públicas, têm uma dificuldade grande no cuidado dos dados que são armazenados. Nós temos o Sistema Solar, que reúne um número gigantesco de dados de pessoas, dados extremamente sensíveis, desde o endereço, nome, motivos que levaram, por exemplo, a uma separação, divórcio, a uma destituição do poder familiar, são dados muito sensíveis dessas pessoas e precisa de uma proteção. Então esses dados eles não podem ficar armazenados de qualquer jeito, tem que ter todo um cuidado, uma cautela. O meu foco foi também saber pesquisar e investigar se nós podemos utilizar desses dados para fins de produção de conhecimento, na típica atividade de inteligência de Estado, que é você ter acesso à informação e usá-la para tomadas de decisões importantes. Ao final, cheguei à conclusão que sim e que, desde que tenha algumas balizas, algumas diretrizes que inclusive eu faço uma propositura de um projeto de lei”, explicou Rogério.