O Projeto Farol ganhou robustez e protagonismo institucional em 2025 ao promover 10 capacitações para defensores, servidores, estagiários e colaboradores da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, todas voltadas à qualificação do atendimento à população. A iniciativa que começou em 2019 e foi retomada este ano, foca no aprimoramento de práticas de acolhimento, padronização de procedimentos e fortalecimento da atuação de servidores, membros e estagiários que fazem atendimento ao público.
Ao longo de 2025, as capacitações abordaram temas diretamente relacionados às demandas contemporâneas da atuação institucional, como o atendimento as mulheres vítimas de violência, a condução de atendimentos em situações críticas ou de crise, em como fazer orientações e encaminhamentos de forma adequada e como informar sobre as atribuições do Núcleo Especializado da Infância e Juventude. Além disso, um dos temas que exigiu formação foi o relacionado aos golpes aplicados por meio do Pix. Ao longo do ano o problema teve um registro elevado de casos, afetando principalmente a vulnerabilidade da população idosa.
Também foram trabalhados conteúdos voltados às práticas e princípios do atendimento humanizado, atividades preparatórias para a preparação do Congresso sobre Cuidado e Direitos Fundamentais, práticas sustentáveis, direitos e formação inicial de estagiários de nível médio para atuarem no órgão. As atividades registraram média de 30 participantes por encontro.
Outra ênfase que o projeto ganhou em 2025 foi a ampliação do alcance territorial, o Farol levou capacitações para o interior do estado e chegou a núcleos como o de Várzea Grande, Tangará da Serra, Sinop e Rondonópolis, reunindo 172 participantes nessas edições descentralizadas. O foco dessas iniciativas foi no atendimento humanizado e no manejo de situações críticas.
A gerente de Assessoramento Estratégico da Coordenadoria de Assuntos Interdisciplinares (CATAI), Maria Angélica do Nascimento, avalia que a interiorização do projeto contribuiu para a uniformização de práticas e o fortalecimento da atuação institucional em diferentes regiões de Mato Grosso. "O Projeto Farol não se configura como uma ação pontual restrita ao ano de 2025, mas como uma política continuada de capacitação, com perspectiva de expansão para outros Núcleos e de fortalecimento da atuação institucional e em 2026 continuará, em alinhamento com os princípios de humanização, qualificação do atendimento e acesso à justiça", disse Maria Angélica.
Numa das capacitações sobre a função da DPEMT, a analista psicóloga, Danielly Alves, explicou para o público do evento que todos os trabalhadores da Defensoria Pública representam o órgão ao prestarem qualquer tipo de atendimento no local. E que, para além da impessoalidade, eficiência, moralidade, urbanidade, é exigido de todos, a capacidade de acolher.
“As pessoas que buscam a Defensoria Pública para resolver seus problemas estão nas últimas esperanças, carregam uma série de problemas, carências e dificuldades e quando chegam no órgão, podem ter comportamentos de impaciência, podem estar exasperados, desesperançosos e trazer uma série de reclamações. Mas, não podemos tomar isso como algo pessoal, temos que saber que são vulneráveis e estão procurando acolhida. Não é nada contra nós, não é algo pessoal. Ter esse entendimento nos ajuda a dar o atendimento humanizado que eles precisam”, explicou.
Histórico - Criado em 2019, o Projeto Farol surgiu como uma iniciativa piloto, a partir da parceria entre a Coordenadoria de Assuntos Interdisciplinares, a Escola Superior da Defensoria Pública e a Ouvidoria-Geral. O objetivo era enfrentar desafios identificados no atendimento ao público assistido.
Naquele ano, foram realizadas nove edições voltadas a temas estruturantes, como noções gerais do sistema de Justiça, a estrutura e o funcionamento da Defensoria Pública, saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial, tipificação dos serviços socioassistenciais, demandas complexas e oficinas para a elaboração da Cartilha de Acolhimento ao Público e também, estabelecida as bases conceituais do projeto.
Mas, foi em 2025, com a retomada do projeto, que ele se consolidou como ferramenta estratégica de qualificação institucional, ao fortalecer o atendimento desde a porta de entrada, promover integração entre áreas técnicas e preparar o corpo funcional para lidar com múltiplas vulnerabilidades sociais.