O presidente da Associação, Fernando Alencar Bezerra, explica que a falta de documentação impede que os moradores tenham acesso a direitos básicos.
“Aqui tudo é por nossa conta, o transporte escolar, a coleta de lixo e até a manutenção das estradas. Se a área fosse regularizada, o Poder Público teria o dever de atender a comunidade. Por estarmos nessa situação por mais de 20 anos, agradecemos à Defensoria, que está aqui, nos ouvindo, e nos dando essa esperança”, declarou.
Pedro Pereira dos Santos, de 51 anos, conta que vive na região há mais de 28 anos. Ele lembra das dificuldades enfrentadas desde que chegou com a esposa em busca de um pedaço de terra. “Foi uma batalha muito grande, gente querendo tomar a área dizendo ser dono, o processo, mas conseguimos provar que não eram. Hoje, ver a Defensoria aqui nos dá esperança real de conseguir o nosso documento”, disse.
A moradora Francisca Batista, 67 anos, vive há 14 anos no lugar e explica que seu sonho era ter um pedaço de terra para plantar e descansar. “Vim com esse propósito. Já passamos por muita dificuldade. Hoje melhorou um pouco, mas ainda falta tudo, escola, estrada, saúde. Só queremos viver com dignidade”, contou.
O secretário executivo da Defensoria Pública, defensor Clodoaldo Queiroz, destacou que o órgão já acompanha o conflito na região há mais de duas décadas e que a aplicação do SAF representa um avanço decisivo. “Em outros momentos até trouxemos juízes ao local, mas era impossível visitar casa por casa. Agora, com a tecnologia e o método adotado, conseguiremos demonstrar a realidade dessas famílias com precisão”, disse.
O Projeto Território de Direitos foi criado com base na decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 828, que trata da proteção contra despejos forçados. A iniciativa busca uma atuação proativa e estratégica, levando justiça a quem mais precisa.