O sonho de ter um lugar para plantar, colher e sobreviver permanece no coração dos moradores do Assentamento Rio Verde, localizado no município de Ipiranga do Norte (438 km de Cuiabá). Nesta semana, o Projeto Território de Direitos esteve na localidade para aplicar o Sistema de Atendimento Fundiário (SAF) e buscar alternativas para as famílias que vivem em aflição, já sob uma decisão judicial que determina a desocupação de suas casas.
O Território de Direitos é um projeto iniciado entre as Defensorias Públicas de todo o país. Criado pela DPEMT, tem como propósito realizar uma busca ativa e estratégica de famílias em situação de extrema vulnerabilidade, especialmente em áreas marcadas por conflitos fundiários. Inspirada pela decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF 828 — que trata da proteção contra despejos solicitados —, a iniciativa aplica o SAF, ferramenta que reúne informações específicas sobre essas famílias.
As mais de 140 famílias que atualmente vivem no assentamento sobrevivem daquilo que produzem nas terras: ovos, queijo, doces e conserva de pimenta são apenas alguns dos produtos feitos na região. Apesar da vontade de continuar trabalhando, o medo de serem retirados de suas casas assombra a comunidade.
“Todo mundo aqui tem um sonho. Ninguém entrou aqui pra fazer bagunça. Fomos criados no mato e ter um pedaço de terra é um sonho. Todos realizados e vivem disso. Ter que sair daqui seria como tirar a vida de muitos. Recomeçar não é tão simples pra quem não tem estudo ou já não tem mais idade”, explica Douglas Delabela, presidente da Associação São Aladim, que funciona no assentamento.