Doação - Para a professora Pâmela, a decisão de doar um órgão não foi fácil, porém, ela afirma que o sofrimento de Laura e a possibilidade de socorrê-la pesou mais. “Ela tem três filhos, um deles é especial, tem síndrome de Down, autismo, esquizofrenia e depende totalmente dela. Há dez anos, ela, eu e minha mãe nos aproximamos, depois da morte da mãe dela, pela mesma doença. Desde então, passamos a acompanhar o problema e conversando, um dia, depois dela testar compatibilidade com várias pessoas, me ofereci”, explica.
Pâmela lembra que, na conversa, sua parente estava muito triste por já não estar suportando fisicamente tantas sessões de hemodiálise, isso, associado ao fato de não encontrar doador compatível.
“Ela morava em Rondonópolis e o marido dela fez teste de compatibilidade em Campo Largo, porque em Mato Grosso não temos fila para transplante de rim, e eu sugeri que ela fizesse em Goiânia. Oferecemos nossa casa para ela ficar e ela aceitou. Deu certo, sou compatível, estou saudável e cumpri os requisitos legais para a doação, só faltava isso para a cirurgia acontecer e agora, ela aguarda o dia com muita ansiedade”, informa.
A cirurgia será feita no Hospital Geral de Goiânia, instituição reconhecida na prática de transplantes renais. O alvará de doação foi autorizado, após manifestação favorável do Ministério Público Estadual, pelo juiz da 1ª Vara Cível de Barra do Garças, Michell da Silva, no dia 19 de outubro. “Quando ela começou o tratamento de hemodiálise foi um baque para todos nós. Desde então, acompanhamos todo o sofrimento dela e o nosso único receio, nesta fase, era do juiz negar a autorização, pois não suportamos mais vê-la sofrer. Agora, que tem a decisão judicial favorável, estamos todos esperançosos e ansiosos pela cirurgia”, disse Pâmela.
Ela conclui afirmando que espera que as famílias se conscientizem dessa possibilidade. “A minha mãe apoia minha decisão, mas tem outras pessoas da família que não concordam. Eu vejo minha decisão como uma injeção de ânimo, de vida, a possibilidade dela viver mais um pouco para cuidar do filho especial, a quem só ela consegue acalmar em surtos. Se posso prolongar um pouco mais a vida dela, porque não?”.