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FUGIU DO CAPS


Defensoria Pública faz alerta sobre piadas na internet

Certos memes podem ultrapassar os limites do respeito e da dignidade humana, levando à violação de direitos e à disseminação de estigmas prejudiciais

Por Djhuliana Mundel
30 de de 2025 - 18:29
Foto: Ascom/SES-MT Defensoria Pública faz alerta sobre piadas na internet


A Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT) tem se mostrado cada vez mais preocupada com o impacto das piadas e conteúdos humorísticos espalhados nas redes sociais. A crescente viralização de memes, vídeos e postagens satíricas tem gerado debates sobre o limite entre o humor e a responsabilidade nas plataformas digitais.  

Certos memes podem ultrapassar os limites do respeito e da dignidade humana, levando à violação de direitos e à disseminação de estigmas prejudiciais, como é o caso do meme "fugiu do CAPS". 

O "fugiu do CAPS" surgiu como uma piada viral, associando pessoas com transtornos mentais a comportamentos supostamente erráticos ou estranhos, utilizando o termo "CAPS" em referência aos Centros de Atenção Psicossocial, espaços dedicados ao atendimento de pessoas com distúrbios psíquicos.  

Essa piada reforça estigmas negativos relacionados às pessoas com transtornos mentais, tratando-as como objetos de ridicularização. Além disso, ao disseminar esse tipo de conteúdo, os usuários das redes sociais podem estar incorrendo em práticas de difamação e incitação ao preconceito, o que é passível de sanções legais, como previsto pela Lei de Combate à Discriminação e pela Lei de Crimes contra a Honra. 

“É uma ignorância extrema quando as pessoas dizem nesse meme “ah, fugiu do CAPS” porque, em primeiro lugar, o CAPS trabalha de portas abertas. Então estamos destinados ao cuidado da saúde mental da população”, explicou o RT de Enfermagem do CAPSi Adolescer, Thalisson Magno de Oliveira.  

Criados no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, os CAPS têm como objetivo principal substituir o modelo de internação em hospitais psiquiátricos, promovendo um atendimento mais próximo da realidade social dos pacientes com transtornos mentais graves e incentivando sua reintegração à sociedade.  

Essas unidades são equipadas com equipes multidisciplinares, compostas por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e outros profissionais. Juntas, essas equipes trabalham para fornecer uma abordagem ampla, que envolve a pessoa como um todo — mental, emocional e social. Uma das principais propostas dos CAPS é a reintegração social dos pacientes.  

“No CAPS, nós não tratamos a doença. Nós não tratamos de loucura. Nós fazemos cuidados psicossocial às pessoas. Esse cuidado inclui atendimento psicológico, atendimento psicossocial, atendimento médico e medicamentoso. E o principal: a reinserção da pessoa na vida comunitária através de atividades artísticas, atividades lúdicas e, se necessário, até um banho de piscina”, contou Thalisson.  

Essas práticas não apenas contribuem para a recuperação dos pacientes, mas também os ajudam a se sentir mais integrados ao seu entorno, diminuindo o estigma associado aos transtornos mentais.   

Além disso, os CAPS oferecem apoio psicológico e orientação às famílias, contribuindo para a construção de uma rede de apoio que compreenda a situação do paciente e participe de seu processo de recuperação. O objetivo é que os indivíduos não sejam apenas "tratados", mas que possam voltar a viver plenamente, exercendo suas funções sociais, familiares e profissionais.  

Por isso, a DPEMT ressalta que o humor nas redes sociais deve ser usado com cautela, para que não se torne um veículo de intolerância, preconceito ou discriminação.  Se você é uma pessoa em situação de vulnerabilidade social e mental, procure a Defensoria Pública ou o CAPS mais próximo de você. É seu direito. Quer saber mais sobre o funcionamento dos CAPS? Acesse o nosso vídeo.